sexta-feira, 3 de julho de 2009

Michael Jackson vivo!

O véu da noite descia lentamente sobre O condado de Santa Barbara, na Califórnia. Never Land era o seu lugar dos sonhos. Um lugar que ele idealizara e criara para viver em paz com os seus filhos longe do assedio da imprensa e até de amígos mal intencionados. A última briga que tivera com o pai tinha sido feia e ele desejava nunca mais vê-lo. Estava afundado em dívidas sabia disso e não queria desfazer-se de seus bens preciosos para quitá-las principalmente da sua querída "Terra do Nunca" lá poderia ser a criança que nunca fora na realidade. Será? Lá Michael viveu por 17 anos em busca de privacidade. Não funcionou. Pelo contrário, o isolamento só fez com que aumentasse o interesse do público e, consequentemente, da imprensa sobre a vida dele. Mas era amena diante do prazer de viver lá. Prince Michael I, Paris e Prince Michael II gostavam de lá. (Malditos nomes para crianças tão adoráveis! Difícil de falar. Mas tudo bem diante daqueles lindos olhinhos azuis) gostavam de Neverland, principalmente do parque! Brincavam quase todos os dias! Como era gostoso ouvir aquelas gargalhadas infantís em meio ao vasto silêncio.
Sai dos meus devaneios, já refeita do susto, quando Michael me beliscou:
-Anda! Me fala o que aconteceu!
- O que aconteceu? Você está morto! Você morreu Michael! Deram atestado de óbto e tudo!
- Eu? Morto?
Tentou se levantar mas caiu fracamente na areia fofa.
Eu, me joguei para trás como se visse um fantasma! Esfreguei os olhos sem saber o que fazer.
Estava quase anoitecendo em Never Land, mas eu podia ver nitidamente. Ele estava alí bem diante dos meus olhos! Enquanto o mundo chorava a sua morte, ele, o Rei do Pop, estava alí vivinho da silva! Estava um pouco fraco, é verdade, mas estava alí.
Olhou pra mim, os cabelos em desalinho, a maquiagem por fazer, roupa com marcas de barro e lama da queda que levara.
-Vamos, mulher! Me fala o que houve! Cadê as crianças? E os seguranças? Porque estou sujo assim?
Arregalou os olhos quase em pânico, antes de desmaiar.
Entrei em casa carregando aquele frágil corpo em meus braços. Inerte assim parecia um pássaro ferido. É, ele poderia ser comparado a um pássaro leve, frágil. Mal comia. Aliás, não comia, beliscava.
Deitei-o no chão da cozinha. Corri para o armário e peguei um chumaço de algodão embebido em álcool. Aproximei do seu nariz com calma para nã tocar em sua pele delicada.
Após alguns minutos ele abriu os olhos. Preparei rapidamente um caldinho quente, colocando algumas colheres em sua boca.
-Não quero! Chega Morgana! Essa sopa tá horrível!
-Você precisa se alimentar! Esteve três dias fora de si!
- M... Moorto? Ele perguntou gagueijando.
-sim, morto.
Ele apertou os olhos tentando se lembrar do que acontecera, mas a mente era uma folha em branco.
-Morgana, agora lembro! Sou cantor!!
-Eu, hein! Claro! Você é o Rei do Pop!
-Sim! Bem...
Eu sai para ensaiar no Ginásio... No Ginásio... (Coçou a babeça)
-Isso mesmo! Em Los Angeles! Para a primeira apresentação de "This is It" marcada para 13 de julho, na O2 Arena, em Londres. Quantas mais farei? Você sabe?
-Olha Michel, sou apenas uma empregada da casa. Não sei quase nada da sua vida particular. Mas eu vi no jornal que seria mais 49 shows. Uma turnê, entende?
-Quem assinou esse contrato? Eu que não fui! Uma turnê... Imagine! Não tenho forças para fazer tantos shows.... Você sabe.
Eu sabia... Como sabia!
-Quer saber, depois eu te falo o que aconteceu. Agora vamos agir! Primeiro um bom banho de banheira, para você voltar ao mundo dos viventes. (sorriram juntos) Depois, vamos ver o que fazer.
Subimos as escadas lentamente. Degrau por degrau rumo aos aposentos dele. Do alto da escada e paramos e olhamos para o caixão que guardara seu corpo nos últimos dias. A sala estava vazia e em luz suave. Quase inaudível "Billie Jean" tocava ao fundo. Lágrimas desceram pelas faces descoradas do "Rei do Pop".
- Que saudade desse tempo, Morgana, queria que voltase!
-Vamos, vamos! Falei firme com ele.
Após o banho, maquiagem, figurino, o Michael Jackson estava de volta. Abri lentamente uma fresta da janela mais próxima e com meu binóculo em punho tinha uma boa visão do portão pricipal de Never Land. Lá na calçada multidão de fãs faziam as suas homenagens ao mesmo tempo que um batalhão de repórteres estavam de plantão.
-Vamos tirar aquele caixão de lá! falou Jackson de supetão.
-Não! Eu fiquei de guarda e tenho que dar conta do morto!
-Mas eu não tou mais morto, ora! Tira aquela assombração da minha sala!
-E eu vou fazer o que quando chegarem amanhã? Hein? Já pensou nisso? Falei quase gritando enquanto ele placidamente ensaiava alguns passos de moonwalk fazendo caras e bocas.
- Não brinca, homem! Temos que pensar em algo!
-Não tem o que pensar, é só tirar o corpo... ou seja... o caixão de lá e pronto! E eu ? Me recolherei a um lugar secreto, ficarei em paz por um bom tempo, como sempre sonhei!
-E eu serei presa por ocultar cadáver! Cadeia amígo! Isso dá cadeia!